O Brasil enfrenta uma perda anual de R$10,8 bilhões em arrecadação devido a apostas realizadas em sites clandestinos.
Em 2025, 61% dos apostadores admitiram utilizar plataformas irregulares, conforme pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR).
Apesar dos esforços da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que bloqueou cerca de 13 mil sites e aplicativos irregulares desde a regulamentação das apostas esportivas há cinco meses, muitos desses sites continuam operando fora do país, dificultando a fiscalização.
A pesquisa revelou que entre 41% e 51% das plataformas não seguem as novas regras impostas desde janeiro deste ano.
Práticas como ausência de reconhecimento facial, pagamento com cartão de crédito ou criptomoedas são comuns nesses sites ilegais. Além disso, o acesso aos jogos de cassino ilegais muitas vezes começa nas redes sociais, onde a promoção de conteúdo de sites ilegais é um desafio constante para as autoridades.
A divulgação desses dados ocorreu um dia após o governo federal anunciar o aumento da carga tributária das casas de apostas regulamentadas, de 12% para 18%. A medida provisória prevê uma arrecadação de R$700 milhões ainda neste ano.
No entanto, caso as plataformas ilegais fossem tributadas, a arrecadação poderia ser significativamente maior, estimando-se um incremento de arrecadação da ordem de um bilhão de reais. A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, responsável por fiscalizar e regulamentar as apostas, informou que realiza o monitoramento dos jogos on-line no Brasil. Quando são identificadas plataformas ilegais, procedimentos são realizados para que os acessos aos sites sejam bloqueados.
A regulamentação das apostas esportivas visa não apenas aumentar a arrecadação, mas também proteger os jogadores.
Dados recentes da KTO, uma das primeiras bets licenciadas do país, mostram que o processo de KYC, aliado à depósitos e saques instantâneos através de PIX ajudam a aumentar a confiança dos jogadores. A legalização também permite uma oferta maior da sua plataforma de jogos de cassino, tendo parcerias com grandes provedoras como PG Soft e Pragmatic Play.
Desde outubro de 2024, o governo brasileiro exige que operadoras licenciadas utilizem o domínio “.bet.br”, garantindo maior rastreabilidade e dificultando o disfarce de sites piratas. Instituições financeiras também estão orientadas a bloquear pagamentos e transferências para sites não autorizados. Atualmente, 14 empresas possuem autorização definitiva para operar no país, podendo registrar até três marcas cada. Outras 52 operam com permissões provisórias e têm até 60 dias para regularizar sua documentação.
A dificuldade das operadoras legalizadas em adicionar seus apps aos maiores mercados também vem sendo um problema. Em um país que ocupa a terceira posição mundial em velocidade média do 5G, a possibilidade de baixar e acessar jogos de cassino com rapidez e segurança em pela Google Play ou Apple Store se torna um diferencial relevante. Enquanto as big techs dificultam o procedimento para as operadoras legalizadas, cassinos ilegais oferecem aplicativos deixando de seguir as verificações necessárias.
Combater o jogo ilegal é uma necessidade urgente, mas é o estímulo aos jogos de cassino legalizados que vem contribuindo para a construção de um mercado mais ético e seguro para os novos apostadores.
A expectativa é que a combinação entre educação sobre jogo responsável e as recentes atualizações na legislação fortaleça ainda mais esse cenário, promovendo práticas mais transparentes e protegidas.