A notícia que vamos publicar aqui não é nem um pouco legal, mas faz-se necessário para que todos fiquem em alerta.
A Interpol lançou um alerta para uma crise global envolvendo “fábricas” de golpes digitais que exploram vítimas de tráfico humano.
Essas estruturas, inicialmente registradas em países do Sudeste Asiático, como Mianmar, Camboja e Laos, forçam pessoas a participar de fraudes on‑line. Um desses casos chocantes ocorreu no KK Park, em Mianmar, de onde dois brasileiros conseguiram escapar em fevereiro de 2025.
Com o passar do tempo, operações similares foram identificadas em ao menos quatro outros países da Ásia, e há evidências de que o modelo se espalha também pela África Ocidental, Oriente Médio e América Central. A Interpol alerta que essas redes estão causando uma “crise global”, pois “requintadas armadilhas digitais” se tornaram parte de uma máquina criminosa que agora atinge vítimas de pelo menos 66 países, em todos os continentes.
As vítimas são geralmente atraídas por falsas promessas de emprego e mantidas em cativeiro nesses centros, onde enfrentam extorsão por dívidas, agressões físicas, exploração sexual e, em alguns casos, tortura. Sob coerção, são obrigadas a engajar em fraudes virtuais, muitas vezes direcionadas a pessoas em outros países, com o objetivo de roubar dinheiro. Inicialmente, os relatos indicavam que as vítimas falavam principalmente mandarim, mas hoje os traficados incluem indivíduos da América do Sul, África Oriental e Europa Ocidental.
Além do componente humano, a sofisticação tecnológica dessas quadrilhas tem crescido. A Interpol destaca o uso de inteligência artificial para criar anúncios falsos de emprego e perfis deepfake — até mesmo em golpes de “sextorsão” que utilizam fotos íntimas fabricadas digitalmente. Esses recursos aumentam exponencialmente a escala e a efetividade das fraudes, tornando-as mais difíceis de serem detectadas e combatidas .
Diante desse cenário alarmante, a organização policial enfatiza a necessidade urgente de uma resposta internacional coordenada. Segundo o chefe interino dos serviços policiais da Interpol, Cyril Gout, “enfrentar essa ameaça que se globaliza rapidamente requer uma resposta internacional coordenada”.
Investigações já revelaram dezenas de casos, incluindo centros desmantelados nas Filipinas e na Namíbia, onde 88 jovens eram obrigados a cometer golpes on‑line. Em Mianmar, cerca de 7 mil pessoas foram resgatadas após denúncias e fugas comprovarem a gravidade da situação.
À luz dessas descobertas, a Interpol conclama governos e agências internacionais a interromperem as rotas de tráfico, desmantelarem essas fábricas e prestarem apoio às vítimas. A organização alerta ainda para o risco de esses centros se entrelaçarem com outros crimes transnacionais, como tráfico de drogas, armas e espécies ameaçadas de extinção.