“É sempre um desafio. As pessoas falam que ela não vai conseguir… e aí ela vai lá e faz.” São com definições assim que produtores, assessores, fãs anônimos e famosos como Adele e Rihanna deslizam pela vida de Katheryn Elizabeth Hudson, jovem de 27 anos com ambições de uma veterana.
O filme documentário biográfico em 3D Katy Perry: Part of Me, dirigido por Nanette Bernstein e produzido por Dan Cutforth e Jane Lipsitz, traz sob os holofotes uma Katy humana, tendo que lidar com 124 apresentações da turnê California Dreams em 2011. Ele expõe de um modo dinâmico a euforia, o contentamento e a emoção de enfim consolidar uma carreira que, diferente do que muitos pensam — de se tratar de um sucesso espontâneo, na realidade foi lenta e árdua.
Suas performances hipnotizam dentro do universo do “refrão fácil”, com muitas cores inebriantes que dão a magia e nos lançam sem medo às bizarrices de Alice no País das Maravilhas. Seu amadurecimento reina em meio a risos e choros, como no momento em que se depara pouco antes do show na chácara do Jockey (Set/2012, Cidade de São Paulo) com um torpedo anunciando seu divorcio, enviado pelo próprio Russell Brand, comediante britânico e seu marido há mais de um ano.
Diante do objetivo do filme, em pontuar as diversidades e sacrifícios em manter a vida pessoal em meio ao show business, ele entrega o esforço quase cruel de subir ao palco ainda chorando e preencher a tristeza com um sorriso criado só pra compensar tamanha histeria generalizada entre as diversas gerações que enxergam muito além de uma estrela no palco. Suas frustrações em testemunhar o cancelamento dos seus 3 primeiros discos (quando ainda atendia pelo nome de Katy Hudson) e como lidou com a insistência de transformá-la em algo já existente como Avril Lavigne ou Kelly Clarkson demonstram o lado bom da sua teimosia nas dificuldades.
Embora esteja em início de carreira, seu apelo não só eleva a música pop mas estabelece laços estreitos com seus fãs que admiram e a seguem com empolgante motivação de algo que, às vezes, se perde ou se disfarça de piegas, mas se faz necessário e se renova gradativamente na voz da garota que se veste de boneca e grita aos quatro cantos do planeta: “Se você tiver um sonho, você tem que correr atrás para realizar esse sonho.”
Essa simplicidade também é explorada com as imagens e fotos de sua infância e adolescência quando cantava louvores e tocava violão para pequenas platéias da igreja. Uma personagem adorável e curiosa é a avó, que recebe a visita da neta ilustre e recebe de presente um agasalho oficial rosa da turnê.
A relação de respeito com seu pais (pastores evangélicos) apesar das diferenças de opiniões principalmente no que diz respeito à repertório, revela a urgência em conduzir a própria vida com os ensinamentos de casa, encorajando-a dar vôos cada vez mais altos para vivenciar na íntegra tudo que lhe for concedido. Ainda que a própria mãe afirme que não assistirá um videoclipe da filha na Mtv.
Katy perry virá ao Rio para a première do filme no dia 30. A mocinha já é de casa: além do show da turnê California Dreams ela participou da quarta edição do Rock in Rio, também ano passado.
História interessante, que comove, motiva e certamente indica a era do pop colorido, malicioso e carismático. Uma estrela, a primeira mulher a emplacar 5 singles de um mesmo álbum no primeiro lugar das paradas, com objetivo único quando sobe ao palco: “O meu objetivo quando faço um show é apenas fazer as pessoas sorrirem”.
O surpreendente é que consegue.
Agradecimentos especiais a EMI e Erika Costa, autora desta resenha.